terça-feira, 12 de março de 2019

Artigo: Eis o Cordeiro!

 Agnus Dei (c. 1635-1640, óleo sobre tela), de Francisco de Zurbarán
"Foi maltratado e resignou-se; não abriu a boca, como um cordeiro que se conduz ao matadouro, e uma ovelha muda nas mãos do tosquiador. Ele não abriu a boca."
— Isaías LIII, 7
O profeta Santo Isaías descreveu com perfeição e exatidão, inspirado pelo Santo Espírito, aquele que viria a ser o ápice da demonstração de amor de Deus pelo homem: a morte do próprio Deus, na Cruz, para que o homem pudesse viver plenamente. O supremo ato de amor que consumou a derrota da morte em definitivo. O Amor morreu de amor. Anunciou São João Batista: Ecce Agnus Dei, ecce qui tollit peccata mundi – Eis o Cordeiro de Deus, eis O que tira o pecado do mundo.

É a grande provação que o Homem-Deus enfrentou pelos castigos dos homens e que o homem deve enfrentar para merecer o Homem-Deus, inabalavelmente buscando-O com tudo o que tem, com toda a força e inteireza de seu ser. Porque ainda hoje, "nós pregamos o Cristo crucificado, escândalo para os judeus e loucura para os pagãos" (I Cor I, 23). Loucura que mais de dois mil anos depois continua para os pagãos da modernidade, que com suas contradições rejeitam a Cruz e querem estar na glória; que rejeitando a morte pretendem a salvação.

Pagãos que, como disse Dom Antônio de Castro Mayer, pretendem dulcificar o Cristianismo retirando justamente Aquele que é doce e suave. Retirando do centro Aquele que é e deve sempre ser o Centro.

Nos Evangelhos, Nosso Senhor nos ensina que Ele é o Caminho, a Verdade e a Vida. Pois como querem então a Vida trilhando por outro caminho, por outra via, pregando falsas verdades? Em sua dolorosa Paixão e morte na Cruz, Nosso Senhor nos dá o exemplo de como trilhar este caminho verdadeiro para a Vida: é a porta estreita pela qual devemos fazer todo o esforço possível, pela qual devemos renunciar à mundanidade, aos pecados e iniquidades, e aceitar integralmente a Cristandade. O Cordeiro sacrificou-Se para o santo banquete, mas não podem participar deste banquete aqueles que não desejam o sacrifício, abnegação e santificação para poder recebê-lO.

Faz-se necessário percorrer a Via Crucis tomando cada um a sua cruz, renunciando a si mesmo e seguindo-O no Caminho da Cruz que Ele mesmo percorreu enquanto carregava o peso dos nossos pecados. É a via necessária para tornar-se um alter Christus, um outro Cristo, para que não mais vivamos, mas Cristo viva em nós. Sem cruz? Sem renúncia? Sem amor. Sem Cristo.

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